segunda-feira, 13 de julho de 2020

COVID-19: «INSISTIR E NÃO DESISTIR NA PROTEÇÃO INDIVIDUAL E COLETIVA»


Perante a situação epidemiológica nacional e internacional, o Gabinete de Crise da Ordem dos Médicos (OM) para a Covid-19 emitiu esta terça-feira um documento com recomendações, salientando que «a pandemia SARS-CoV-2 não terminou e, na presente data, a nível global o número de casos confirmados ultrapassa os 9 milhões e o dos óbitos aproxima-se dos 500.000».

Quanto ao nosso país, «a maioria da população permanece suscetível e todos estão em risco de contrair formas graves de doença e eventuais sequelas, cuja evolução da doença ainda não permite clarificar», sublinha a OM. Aliás, refere o organismo, «os números de casos de Covid-19 registados na última semana colocam Portugal com o segundo pior rácio de novas infeções por cada 100 mil habitantes entre os 10 países europeus com mais contágios, apenas atrás da Suécia». Desta forma, considera a OM que «o desconfinamento em curso, deve exigir a todos, inclusive à população supostamente de menor risco, a máxima responsabilidade e a estrita adesão às medidas de saúde pública em vigor, de modo a evitar retrocessos com consequências muito prejudiciais para o país».

A Ordem observa ainda que a afirmação que há mais casos positivos no nosso país porque se testa mais, «está descontextualizada e é socialmente desadequada ao promover a falsa sensação de segurança de que nos outros países há mais casos do que os reportados», prejudicando «o cumprimento das medidas de contenção da doença».

Relativamente ao combate aos novos surtos, nomeadamente na região metropolitana de Lisboa, a instituição defende «uma melhor caracterização dos indicadores epidemiológicos locais e nacionais, processos mais céleres de deteção e atuação, os recursos necessários, nomeadamente o reforço das equipas de saúde pública, bem como medidas de apoio social e o envolvimento das estruturas comunitárias locais na sensibilização da população».

Além disso, o organismo defende «clareza e coerência entre todas as medidas, nomeadamente, nas viagens aéreas, ajuntamentos e eventos de massas, fundamentais no envolvimento e cumprimento das medidas de saúde pública pela população».

Em suma, e no momento atual, o Gabinete de Crise considera ser «absolutamente essencial» manter ou implementar medidas a nível nacional que possam mitigar e eliminar a Covid-19, nomeadamente o uso obrigatório de máscara em locais públicos; o distanciamento social de 2 metros em locais públicos; as medidas de higiene preconizadas pela DGS; evitar reuniões/encontros com mais de 10 pessoas; adiar festas públicas, que não possam cumprir as medidas de segurança coletiva; manter estádios sem adeptos; nos aviões e aeroportos reforçar as medidas de segurança e proteção individual e coletiva, incluindo a generalização da tripla avaliação epidemiológica, e a possibilidade de testar e de quarentena em todos os casos que o justifiquem; nos centros comerciais, escolas, lares e praias cumprir de forma escrupulosa as medidas em curso; implementar nos locais de trabalho horários desfasados para os colaboradores, o teletrabalho quando adequado, e as medidas preconizadas pela DGS; implementar aplicação digital que ajude no rastreio de contactos ao nível do internamento e da saúde pública; e uma «comunicação clara, transparente, objetiva e centrada nas medidas preventivas».

Fonte: Tempo Medicina Quarta-Feira, 24 de Junho de 2020


segunda-feira, 18 de maio de 2020

PANDEMIA MOSTROU A IMPORTÂNCIA DOS SISTEMAS DE SAÚDE DE ACESSO UNIVERSAL

O ex-ministro da Saúde Adalberto Campos Fernandes considera que os países aprenderam com a pandemia a importância de ter sistemas de saúde de acesso universal para responder a situações inesperadas, mas também às necessidades da população.

«As lições que se tiram deste período ultrapassam em muito a dimensão nacional, são lições globais porque em grande medida, na maior parte dos países, fica claro o apelo que a Organização Mundial de Saúde tem vindo a fazer há muitos anos de se implementarem sistemas de cobertura geral e de acesso universal», disse o ex-governante em entrevista à agência Lusa.

O médico e ex-administrador hospitalar afirmou que na Europa os países que têm respondido melhor à pandemia são os que «tinham uma reserva funcional positiva dos seus sistemas de saúde».

«Quando falo de sistemas de saúde não falo apenas da componente de prestação de cuidados, porque nesta matéria é também muito importante a dimensão da saúde pública como componente do sistema que aborda as questões a montante no controlo da transmissão das doenças e da sua monitorização», explicou.

Contudo, salientou, «não há dúvida nenhuma de que, olhando para o mundo, para os Estados Unidos, Reino Unido, para França, Itália para Espanha, rapidamente todos os governos perceberam a importância de ter sistemas de saúde de raiz pública com uma forte componente pública que respondam por situações destas, que são situações inesperadas e de pandemia, mas também pelas respostas às necessidades de saúde dos cidadãos».

Para o ex-governante, todos os Estados têm de considerar que «a saúde não é de facto uma despesa inútil, que é um fortíssimo investimento até na economia».

«Nós temos a economia parada, temos um risco de uma recessão económica brutal, temos perspetivas de desemprego, de quebra de rendimentos e tudo isto por razões sanitárias», salientou.

Adalberto Campos Fernandes disse acreditar que vai haver uma mudança de paradigma que vai correr o mundo, desde a Europa e que mais tarde ou mais cedo chegará também aos Estados Unidos.
Os Estados Unidos são hoje «o exemplo concreto» do que é um país que não tem um sistema de saúde estruturado, bem organizado, capaz de responder às necessidades das pessoas.

«Vemos pessoas a morrerem por falta de assistência médica, por falta de cobertura financeira, o que é absolutamente inadmissível», lamentou.

Especialista em saúde pública, referiu ainda que após esta pandemia vai haver muitas mudanças desde logo «a relação social, o funcionamento das instituições e a prestação de cuidados de saúde irão ser diferentes».

Fonte: Univadis.pt

quinta-feira, 7 de maio de 2020

MENOPAUSA: REFLEXÃO

Há muitos medos e mitos em torno da terapia de substituição hormonal (HST). Neste artigo iremos compreender o processo, com base nas experiências de mulheres que utilizaram a terapia assim como em dados das pesquisas disponíveis e com a revisão da literatura.

Muitos afirmam que as hormonas são prejudiciais porque são sintéticas. Mas hoje em dia, podem ser usadas apenas hormonas bio idênticas que são semelhantes às existentes no nosso organismo, não só em estrutura como em funções, sendo por isso: mais seguras, mais eficazes e mais fáceis de otimizar.

As hormonas foram estudadas suficientemente bem, muito melhor do que qualquer outra substância do nosso corpo. O seu estudo começou nos anos 30 do século passado. Atualmente, a literatura científica conta com dezenas de milhares de publicações sobre este tema.

É uma opinião muito comum que, se a natureza inventou a menopausa, que assim a devemos viver. Infelizmente, muitas vezes vemos relutância do médico em interferir no "processo biológico natural", o que se deve à falta de conhecimentos básicos sobre a menopausa e as indicações para administração de TSH. Isto leva a que muitas mulheres não tenham conhecimentos das oportunidades modernas que existem para melhorar a qualidade de vida na menopausa, prevenir o desenvolvimento de muitas doenças, e da assistência que os médicos podem prestar durante este período difícil da vida da mulher. 

Tudo depende dos objetivos que as mulheres estabelecem para si próprias ou da sua ausência. Pensar na longevidade ativa ou escolher demência senil depois de 80 anos. Por isso, devem ser feitos todos os esforços para assegurar a produção natural das hormonas, pois são sempre melhores 

As mulheres queixam-se frequentemente do aumento de peso durante a menopausa. No entanto, não é das hormonas bio idênticas que ganham excesso de peso. Podem engordar devido ao stress oxidativo em que o corpo se encontra e que resulta de várias deficiências (ou seja, o processo de fornecimento de energia no corpo é ineficaz, acumula muitas toxinas, e o corpo, sendo inteligente, tenta desintoxicar-se, absorvendo água da corrente sanguínea para o seu espaço intracelular, e nem sempre consegue remover tudo; provocando inchaço e consequente aumento de peso). Se uma mulher já apresenta excesso de peso devido a alterações no equilíbrio hormonal relacionados com a idade, estes medicamentos irão ajudá-la a perder peso. 

Outro mito é que a TSH pode causar problemas cardiovasculares e trombose. O risco é mínimo e a eficácia da terapia é maximizada nos estados iniciais da menopausa: afrontamentos, taquicardia, insónias, síndromes urogenitais. 

E outro mito comum é que a terapia de reposição hormonal pode provocar cancro. O último guia, publicado pela Sociedade Internacional de Menopausa (International Menopause Society — IMS), fornece informação de que o risco de cancro da mama no contexto da toma de TSH é <1 por 1000 mulheres por ano, o que não excede a probabilidade do desenvolvimento da patologia sob a influência de vários fatores ambientais ou estilo de vida. 

Todos os medos são mitos. 

A reposição hormonal com TSH permite a eliminação de sintomas como afrontamentos, taquicardia, irritabilidade, desatenção, esquecimento, diminuição da líbido; numa fase inicial (pré-menopausa) ou durante a transição para a menopausa ajudando a irradicar e controlar os sintomas como  secura na vagina, incontinência, rugas, secura, queda de cabelo e outros, que podem aparecer 2 a 4 anos após a menopausa. 

A reposição com TSH diminui orisco de desenvolvimento da artrite, aterosclerose, osteoporose e doença de Alzheimer. 

Mas o mais importante, a TSH pode ajudar na manutenção da qualidade de vida.

quinta-feira, 30 de abril de 2020

SLAVOJ ZIZEK: "PODE A COVID-19 LEMBRAR-NOS QUE O SEXO É UM CANAL IMPORTANTE PARA A ESPIRITUALIDADE?"

Sobre o impacto que a atual pandemia terá na sexualidade e nas relações, o filósofo esloveno acredita que "uma nova apreciação da intimidade sexual emergirá da epidemia".

A epidemia do novo coronavírus "dará certamente um impulso aos jogos sexuais digitais", mas esperamos que conduza também a "uma nova apreciação da intimidade física" e recorde à humanidade que "o sexo entre duas pessoas é um meio para a espiritualidade", afirma o filósofo esloveno Slavoj Zizek, num recente artigo de opinião para a RT.

Zizek refere-se a duas das recomendações do Serviço de Saúde Irlandês que emitiu diretrizes sobre práticas sexuais durante o tempo do coronavírus e sugere que as pessoas "considerem fazer uma pausa nas interações cara-a-cara e físicas" e, em vez disso, "namorar por vídeo, sexting ou conversar" para satisfazer as suas necessidades sexuais.


Além disso, as autoridades sanitárias irlandesas indicam que "a masturbação não propagará o coronavírus, especialmente se lavar as mãos (e quaisquer brinquedos sexuais) com água e sabão durante pelo menos 20 segundos antes e depois".

Zizek salienta que se trata de "conselhos de bom senso razoáveis para uma época de epidemias espalhadas por contacto corporal", mas salienta que "estas recomendações apenas concluem o processo que já estava a acontecer com a progressiva digitalização das nossas vidas: as estatísticas mostram que os adolescentes de hoje passam muito menos tempo a explorar a sua sexualidade do que a navegar na Internet".

Luxúria, amor e masturbação em tempos de epidemia.

O filósofo acredita que "quando se faz amor com alguém que se ama realmente, tocar o corpo do casal é crucial". "Portanto, é preciso mudar a sabedoria comum segundo a qual a luxúria sexual é corporal enquanto o amor é espiritual: o amor sexual é mais corporal que o sexo sem amor", escreve Zizek.

A sabedoria é que a luxúria sexual limitará a sexualidade e promoverá o amor, "uma admiração distante da pessoa amada que permanece fora de contacto".

E responde que "as epidemias vão definitivamente dar um impulso aos jogos sexuais digitais sem contacto corporal". "No entanto, esperemos que da epidemia surja uma nova apreciação da intimidade sexual".

"A masturbação diante de imagens pornográficas duras é pecaminosa, enquanto o contacto corporal é um caminho para a espiritualidade", conclui o filósofo.

Russia Today

ORDEM DOS MÉDICOS INSISTE COM O MINISTÉRIO DA SAÚDE NA REATIVAÇÃO DOS CONCURSOS MÉDICOS

Ordem dos Médicos insiste com Ministério da Saúde para retomar a 1ª época de avaliação final do Internato Médico e reativar todos os concursos médicos.

A Ordem dos Médicos apelou ao Ministério da Saúde que reagende as provas de avaliação final do Internato Médico, assim como os procedimentos concursais para assistente graduado sénior e para obtenção do grau de consultor da Carreira Médica, anulando a suspensão e resgatando a Carreira Medica.

Os médicos, e em especial os médicos internos, não podem continuar à espera, nem podem continuar a ser prejudicados por estarem impedidos de progredir na Carreira. Já lhes basta serem de forma reiterada subavaliados e desvalorizados no seu conhecimento, competências e responsabilidade pelo Ministério da Saúde, mesmo quando estão na linha da frente e na retaguarda de uma guerra biológica como a que vivemos, com todos os riscos inerentes conhecidos para si e para as suas famílias.

Atenta a situação atual de pandemia provocada pelo vírus SARS-CoV-2 e face à premência de realizar os exames de avaliação final de todas as especialidades médicas, assim como os concursos para habilitação ao grau de Consultor ou à categoria de Assistente Graduado Sénior, a Ordem dos Médicos recomenda que, sem prejuízo de poderem ser realizados presencialmente, cumprindo as regras em vigor, os exames se realizem por videoconferência e que a prova prática seja substituída por casos clínicos, a título excecional dadas as atuais circunstâncias.

Com o intuito de colaborar e facilitar este processo, a Ordem dos Médicos coloca desde já à disposição das Unidades Hospitalares, Direções dos Colégios de Especialidade, Júris e Candidatos, os seus sistemas de videoconferência e as suas instalações nas regiões norte, centro e sul, para a realização dos referidos exames. Deixamos também como sugestão a possibilidade de os referidos exames poderem ser realizados nas instalações das ARS, da ACSS e das Sociedades Científicas (caso nenhuma destas entidades se oponha a que tal possa ser possível).

Num momento em que diariamente nos sujeitamos a riscos elevados para lutarmos pela saúde de todos os portugueses, é fundamental que o Ministério da Saúde dê sinais concretos aos médicos de que reconhece a sua importância e valor, nomeadamente respeitando a progressão na carreira dos mais novos, mas também dos mais experientes, dos quais depende o ensino e a transmissão do conhecimento. Só o trabalho e dedicação de todos – médicos internos e especialistas – é que nos tem permitido responder de forma exemplar a esta pandemia.

Porto, 24 de abril de 2020

terça-feira, 28 de abril de 2020

MÉDICOS DE SAÚDE PÚBLICA DEFENDEM CONTINUAÇÃO DO ESTADO DE EMERGÊNCIA

O presidente da Associação Nacional dos Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, defendeu esta quinta-feira que o estado de emergência não deve ser levantado no início de maio se o cenário epidemiológico da Covid-19 for idêntico ao atual. Responsáveis políticos, parceiros sociais e epidemiologistas vão avaliar na próxima terça-feira a situação epidemiológica no país e, no dia seguinte, a 29 de abril, o Conselho de Ministros irá definir orientações para, de forma gradual e em segurança, se começar a retirar várias restrições que têm vigorado, segundo o primeiro-ministro, António Costa.
Mas, para Ricardo Mexia, esta ainda não é a altura certa para o levantamento do estado de emergência porque «o cenário epidemiológico é muito semelhante» ao que existia quando este foi renovado. «Se se mantiver esta situação eu acredito que daqui a uma semana, quando for a altura de reavaliar, não vai ser o momento de levantar as restrições na medida em que não tivemos um verdadeiro decréscimo do número de casos», sublinhou o responsável à agência Lusa. 

 O presidente da ANMSP explicou que «tem havido uma estabilização [do número de casos] que, obviamente, é melhor do que ter um crescimento exponencial, mas isso não quer dizer que os números estejam a baixar de forma clara». 

Sobre a necessidade de retomar gradualmente a atividade económica, Ricardo Mexia afirmou que «a economia beneficia da saúde tal como a saúde também beneficia de uma economia que seja forte e em crescimento». 

 «A grande questão é que num cenário em que nós levantemos as restrições cedo demais, podemos depois vir a pagar o preço disso como já aconteceu em alguns países e, portanto, temos de aprender também com a experiência de outros contextos e aplicá-la também a nosso favor», argumentou o especialista, defendendo nesse sentido, ser necessário «avaliar de forma muito rigorosa qual é a situação epidemiológica para tomar uma decisão fundamentada para quando for possível reduzir as restrições». 

Recorde-se que Portugal cumpre o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado a 19 de março, e o decreto presidencial que prolongou a medida até 2 de maio prevê a possibilidade de uma «abertura gradual, faseada ou alternada de serviços, empresas ou estabelecimentos comerciais». 

Tempo Medicina Sexta-Feira, 24 de Abril de 2020

segunda-feira, 20 de abril de 2020

DESCOBREM UM SINTOMA RARO QUE PODE INDICAR UM CORONAVÍRUS, ESPECIALMENTE NOS JOVENS


Embora não seja típico, podem ser observados diferentes tipos de manifestações cutâneas em pacientes que contraíram Covid-19.

Para além da febre, tosse seca, dificuldades respiratórias e outros sintomas menos comuns, como diarreia, perda do olfato ou do paladar, o novo coronavírus pode manifestar-se no organismo com erupções cutâneas e dermatoses infeciosas, segundo a investigação.

Segundo o estudo, liderado pelo dermatologista italiano Sebastiano Recalcati, do Hospital Alessandro Manzoni de Lecco (Lombardia, Itália), aceite para publicação no Journal of the European Academy of Dermatology and Venereology, 20,4% de um total de 88 pacientes examinados - 18 pessoas - desenvolveram manifestações cutâneas.

Oito deles apresentaram irritações cutâneas no início da doença, enquanto os outros dez as experimentaram após a sua hospitalização. Os problemas de pele variaram entre eritematoses (em 14 pacientes), urticária generalizada (em 3 pacientes) e vesículas do tipo varicela (1 paciente). A parte do corpo mais afetada foi a zona do tronco.

O autor do estudo observa que não houve correlação entre estas manifestações e a gravidade da Covid-19 e que normalmente cicatrizam em poucos dias, enquanto os pacientes quase não sentiram qualquer comichão na pele.

No entanto, é difícil determinar se estas manifestações cutâneas foram causadas pelo coronavírus. A este respeito, a Academia Espanhola de Dermatologia e Venerologia (AEDV) chamou a atenção para um estudo realizado por dermatologistas chineses no Third Affiliated Hospital of Sun Yat-sen University, em Cantão, que indicava que poderia ser uma reação alérgica aos medicamentos com que tratam os doentes.

Para aliviar os sintomas, os médicos receitam frequentemente antibióticos ou outros medicamentos, na ausência de medicamentos específicos para curar a Covid-19, e não é raro os doentes desenvolverem urticária, vasculite urinária ou outros problemas de pele como resultado da sua toma.

Os cientistas chineses observaram também que algumas doenças de pele diagnosticadas anteriormente, como a rosácea, o eczema, a dermatite atópica ou a neurodermatite, podem ser agravadas pelo stress emocional.

Por seu lado, o estudo da Lombardia também recorda que as manifestações cutâneas observadas nas pessoas infetadas pelo SRA-CoV-2 são semelhantes às que podem surgir durante qualquer infeção viral.

Irritações dos pés nas crianças e nos jovens

No início de Abril, o dermatologista espanhol Pablo Luis Ortiz Romero, do Hospital Universitário 12 de Octubre em Madrid, partilhou no seu Twitter imagens de lesões dermatológicas que surgiram nos pés de um jovem que estava em contacto íntimo com um homem infetado pela SRA-CoV-2 e que não tinha febre, apenas uma pequena tosse.

"Os colegas internacionais estão a assistir a casos semelhantes com coronavírus confirmado", afirmou. No entanto, explicou que não há certeza de que a causa seja o novo coronavírus, sublinhando que "o facto de estarem associados não indica causalidade".
Ortiz Romero acrescentou que "a maioria dos casos são assintomáticos ou com poucos sintomas" e "as lesões parecem melhorar espontaneamente", enquanto "o tratamento poderia acelerar a evolução, mas não seria essencial".


Entretanto, Txema Almela, médico e ex-presidente do Real Murcia, acrescentou que as manifestações cutâneas do Covid-19 são mais típicas em jovens com menos de 20 anos, que por vezes apresentam acroisquemia na parte dorsal e lateral dos dedos das mãos e dos pés.

Ele também observou que é "mais frequente em crianças e adolescentes, embora também possa ser visto em adultos" e acredita-se que "pode ser devido a fenómenos microtrombóticos".